terça-feira, 2 de julho de 2024

"O Jardim da Minha Avó"

  

Texto: Jordan Scott | Ilustração: Sydney Smith

Tradução: Susana Cardoso Ferreira | Edição: Fábula

 A minha avó vive num antigo galinheiro,
à beira de uma autoestrada,

 atrás de um moinho de enxofre em
forma de pirâmide egípcia, amarelo-vivo
como um sol que nunca dorme.

Um menino relata as suas visitas diárias a casa da Baba, a sua amada avó.

Não falam a mesma língua, mas, enquanto comem, fazem jardinagem e caminham juntos, ela ensina-o a apreciar e a cuidar dos outros e da terra. O que vê, ouve, cheira em casa da avó, a abarrotar de coisas trazidas do seu jardim, ficará registado na memória deste menino que começa ser cuidado por ela e acaba a ser ele o cuidador.

Este livro, baseado nas memórias de infância do próprio Jordan Scott e ilustrado por Sydney Smith, é um digno sucessor da obra anterior desta dupla, Eu Falo como um Rio, vencedor de vários prémios e distinções.

"A minha avó, a minha Baba, nasceu na Polónia, onde sofreu muito durante a Segunda Guerra Mundial, juntamente com a sua família. Após a guerra, emigrou para o Canadá, estabelecendo-se na pequena cidade costeira de Port Moody, na Colúmbia Britânica, com o meu Dziadek (avô).
No início, moravam num galinheiro remodelado, atrás de um moinho de enxofre, perto da autoestrada. O meu Dziadek construía caminhos de ferro e a minha Baba limpava casas.
Quando cheguei ao mundo, o meu Dziadek já tinha falecido. A minha Baba morava sozinha no antigo galinheiro e era lá que passávamos a maior parte do tempo. Ela mal falava inglês, por isso comunicávamos por meio de gestos, toques e risos. Também comunicávamos através da nossa paixão por comida. Percebi, em tenra idade, que ela tinha uma forma diferente de viver. Guardava restos de sabão debaixo do lava-louça até ter o suficiente para uma nova barra. Armazenava alimentos em todos os cantos da casa. Quando eu deixava cair, sem querer, um pedaço de comida ao chão, a minha Baba apanhava-o num pestanejo, dava-lhe um beijo e devolvia-mo. Depois, ficava a ver-me comer e dizia: «Come, seu lingrinhas!» Às vezes, ria-se quando me dizia isso, outras vezes chorava.(...)"

Idade recomendada: a partir dos 7 anos

Uma celebração bela, íntima e terna da relação entre avós e netos e dos laços profundos que se criam através de gestos simples de zelo e amor.

Um livro com texto tocante e ilustrações belíssimas, um verdadeiro hino ao amor das avós.

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