quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Rapaz que Contava Histórias

"Às vezes, à noite, a terra lá fora transforma ‑se num lindo oceano. Um oceano tão vermelho como o sol e tão profundo como o céu. Fico deitado na minha cama, com os pés da Queeny encostados à minha cara, e ouço as ondas baterem na tenda. A Queeny diz que sou estúpido por dizer este tipo de coisas. Mas é verdade. Ela é que não consegue ver, mais nada. A nossa mãe diz que há algumas pessoas no mundo que conseguem ver todos os fragmentos escondidos do universo soprados pelo vento do norte e espalhados por entre as sombras. A Queeny nunca se esforça por olhar para as sombras, nem sequer é capaz de franzir os olhos. Mas a minha mãe vê. Ela também consegue ouvir o oceano.— Consegues ver, mamã? — murmuro, tateando o seu sorriso na escuridão. De manhã, com o chão ainda molhado e cheio de espuma nos locais onde as ondas se quebraram, sento ‑me e descubro as centenas de animais que a água trouxe até à tenda..."

Texto: Zana Fraillon
Edição: Topseller Bliss

Subhi e a família são refugiados. Foram obrigados a fugir da sua terra natal, onde eram constantemente perseguidos e alvo de perigos iminentes.Quando finalmente chegaram a um país mais seguro, foram conduzidos, sob escolta e proteção, a um centro de detenção, onde passaram a viver. O centro está localizado numa zona isolada do país, longe das pessoas e das cidades.A família de Subhi, como outras famílias de refugiados, tem de viver no centro de detenção até que o governo se manifeste sobre os seus direitos e decida onde eles devem morar. Subhi nasceu no centro de detenção. O centro é o único lugar do mundo que conhece. Subhi tem apenas nove anos. 
E esta é é a sua história!

Um romance sobre a força transformadora das histórias. 
Um livro extraordinário que todos, jovens e adultos, deveriam ler.
Idade recomendada: + de 12 anos


No próximo sábado, 20 de junho, assinala-se o Dia Mundial do Refugiado, instituído em 2001 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas. Numa altura em que a pandemia de Covid-19 e os recentes protestos anti-racistas vieram pôr em evidência as desigualdades sociais, o tema da campanha deste ano é «Cada ação conta», relembrando que todos podemos ter um papel na criação de um mundo mais justo, inclusivo e igualitário.

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