Talvez fique tudo bem.
Talvez eu devesse parar de pensar nas coisas más e concentrar ‑me nas coisas boas.
Como esta bela paisagem campestre por onde caminhamos. Pássaros a chilrear e borboletas a esvoaçar, sem que sejam atingidos por nenhuma explosão.
E esta poeira na estrada. É uma excelente poeira. É macia sob as nossas botas. Suaviza o caminho às rodas da nossa carroça. Esta é a melhor coisa que se pode pedir quando se tem uma mulher grávida dentro da carroça. (...)
Mas a minha coisa preferida é esta brisa de primavera, morna e perfumada. De todos os anos em que estive vivo, 1946 é sem dúvida o melhor ano de brisas perfumadas. (....)
— Alegra ‑te, Felix — diz a Anya, da carroça. — Estás com uma cara carrancuda de nazi.
Também olho indignado para ela. Abro a boca para lhes falar da brisa perfumada e da poeira macia. Mas, por alguma razão, as palavras ficam presas e não me saem.
— Estás a fazê ‑lo outra vez, não estás? — pergunta o Gabriek. — A pensar numa certa pessoa.
Abano a cabeça. Aponto para uma borboleta.
— Felix — diz o Gabriek, baixinho. — Combinámos não pensar nele. Ele tem razão. Combinámos.
— Estou a tentar — respondo. — Mas é difícil. (...)"
Estamos em 1946 e Felix, um rapaz judeu de 14 anos, está de partida da Polónia para a Austrália, à procura de um sítio seguro onde possa recomeçar a sua vida. A guerra terminou, mas a Polónia está em ruínas e não é um lugar onde ele e o seu amigo Gabriek se sintam a salvo.Com eles vive Anya, que está grávida e completamente dependente da proteção deles.
Felix é um herói que nos comove pela sua esperança e bondade. Uma história emocionante que não deixará ninguém indiferente.
Autor: Morris Gleitzman | Edição: Fábula | Coleção Estrelas da Literatura Juvenil (Livros que te surpreendem pela história, que te atraem pela imagem, que te conquistam pela mensagem, que se distinguem como estrelas brilhante.)
Para todas as crianças que sonharam com um lugar seguro. E para todos os países que o proporcionaram.
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